Desde que nascemos,
vamos nos compondo de misturas do mundo em que estamos inseridos.
E só somos
singulares porque a nossa edificação se entrelaça com tantas outras singularidades que se
firmaram de outros laços
Então jamais poderemos
visualizar um ser puro, nem, entender pela visão, a sua biografia pois todos nós somos uma construção que se liga
profundamente com os outros, pelo tecer da existência que se edifica a cada dia
Por isso, o olhar que
precisamos lançar para ver o mundo é o da complexidade, capaz de infiltrar-se
profundamente nas entranhas das histórias e perceber a trama de cruzamentos que
compôs cada uma
Mas este olhar, deve
ser necessariamente , um contemplar absorvedor, que não se nega a ver e
entender o que aos olhos lhe causa ardor
Para visualizar o
próximo sob essa óptica é vital despir-se de todo o preconceito, de toda forma
de estereotipação que embaça a visão
O olhar complexo
permite avistar o que é de mais real e profundo de cada ser pois ele é capaz de
apreciar no submerso de cada história, todos os caminhos tomados, as ligações destes
com outros, os contextos dessas estradas e os porquês desses cruzamentos que
compõe o sujeito e seu modo de viver
E depois de emergir
de um olhar complexo, nossa própria história já não será mais a mesma porque já
se modificou na viagem de entender o próximo
Então, não será este
um exercício essencial para engrandecer nosso olhar e pararmos de pre conceituar
e reduzir os outros?
Não será a
complexidade uma alternativa para fugir do funil que aprisiona nossa visão?
Não estamos a ver a vida, e o nosso semelhante,
debruçados na simplicidade de nossa janela estreita e linear?
Se somos seres
complexos, por que essa limitação?