sábado, 17 de abril de 2021

O hoje é a saudade de amanhã

 


A pandemia remexeu o tempo e revirou o baú da saudade.  Quanto mais isolados ficamos, maior é a busca pelas memórias, que ao final, nos trazem acalento, e também esperança.

Quanto menos experiências podemos ter, como é o caso da época atual, mais nos esticamos para beber na fonte do passado (que um dia foi o presente), seja ela distante, com ares de infância, ou ainda fresquinha. O fato é que esse momento, evidencia que, além de sermos uma construção coletiva, somos fruto de nosso tear pretérito. Não chegamos ao presente, sem que nosso passado tenha sido fecundado de escolhas e caminhos, os quais optamos  consciente ou inconscientemente. E esse passado, será sempre a saudade de nossa vida. Essa é uma, entre as tantas constatações que tenho feito nessa época de isolamento.  Portanto, o hoje certamente será a saudade de amanhã, pois é nele que a vida se projeta e acontece.

Mesmo  que o presente seja envolto de fugacidade, é nele que somos reais,  que nos solidificamos e nos construímos. E igualmente, ainda que não percebamos o quão bom ou carregado de significações seja ele, daqui a alguns meses, ou anos, o dia de hoje será a saudade guardada no baú da memória. Quem nunca falou a frase: eu era feliz e não sabia.  Essa é a maior prova de que o presente será a nossa eterna saudade, e mais do que nunca, precisa ser vivido em sua intensidade,  pois não há outra volta senão a da nostalgia.

Meu conselho é que apesar de toda a privação que este tempo de pandemia nos exige, saibamos construir as melhores memórias, carregadas de amor, no seio de nossa família.  Com certeza, um dia visitaremos elas, para nos banharmos de vivacidade.  

Pois, quanto mais envelhecemos, maior será o baú de sentimentos guardados, e a frequência com que o abriremos, seja por melancolia, ou para tirarmos lições sobre esses recortes de vida.

E ao final, no ápice da velhice, quando nossas experiências presentes forem ínfimas, só nos restará um grande e revirado baú de saudade, para alimentar os dias, já sílfides de vida, com o vigor das experiências que vivemos outrora.

E você, me conta ai qual a sua maior saudade¿