quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Pura Liberdade



 Essa poesia eu escrevi a alguns anos, antes de vir para Porto Alegre...

 

Nada como ser borboleta colorida que voa traçando seu próprio caminho
Que passa deixando somente a beleza de sua impressão
Que parte levando somente um pouco mais de liberdade do pouso de então
Que em cada parada se agrega no voo da libertação

Nada se compara à borboleta que voa e se expande
Não se preocupa em levar do lugar que partiu mais que a sua liberdade de seguir
Livre, serena e liberta na persistência da vida encantar e florir
Com as cores da autenticidade que só quem é liberto pode usufruir

Cores que não se comparam com essas misturas que fazem ai
Livre é a borboleta que voa e não deixa a vida lhe desbotar
Com essas tantas lavagens na alma tentando diariamente os voos parar
Insinuando que a mistura de cor da liberdade é prejudicial ao andar

Vida que pregam, liberdade massacrada que insinua para não sair jamais do casulo e achar que a vida é isso daí
Acomodar-se com a escuridão e as migalhas que jogam para a gente sorrir
Viver nessa depreciação e achar que não há nada pra descobrir
Definhar lentamente achando a felicidade é se auto inibir

Livre e feliz é a borboleta, que não se deixa alienar, por essa sociedade que faz a gente
Envergonhar-se do voo que lateja lá dentro que poderia fazer-nos virar
Borboleta que vê que a vida não é o casulo o lugar para morar

Por isso eu ainda vou ser borboleta liberta sem nada a me  prender
Levando a cor que nasceu comigo e me faz distinta ser
Buscando nada mais que a permanência do voo liberto, para sempre borboleta, poder me manter.

domingo, 26 de agosto de 2012

Teia em Construção


Compartilho com vocês uma letra de minha autoria a qual gravei e cantei para a semana da Pátria na época  que fazia o técnico em contabilidade no colégio Ponche Verde. A apresentação foi complementada com uma encenação da turma de técnicos em contabilidade os quais representaram  a construção de uma teia gigante, de fios dourados,  que se compôs pelo tecer de toda turma. A ideia da encenação também foi de minha autoria. A apresentação foi no Ginásio de Esportes  e contou com um público de aproxidamente 2 mil pessoas. 



  
TEIA EM CONSTRUÇÃO

Na teia da vida constante seguimos
levando luta e sonhos que possuimos 
para alcançar a realização

Cada fio que lançamos é um ideal
Mostrando um caminho
Apontando um sinal
De que há pra tudo uma solução

Não há, nada imposssível de realizar
Basta tecer os sonhos e acreditar 
Que a vitória será, realidade

% Porque é assim;
A vida é uma teia em construção
Os nossos sonhos são a razão
A nossa busca é poder
Que constrói e faz tecer um novo destino
Abrindo as portas no nosso caminho
Nos dando a chance de vencer 
De Vencer

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O que é Comunicação Estratégica nas Organizações

Garimpando meus arquivos da faculdade, encontrei essa resenha que fiz  (no primeiro semestre de RP) sobre o livro "O que é Comunicação Estratégica nas Organizações" de  Ivone de Lourdes Oliveira. Depois de concluida a graduação, com mais força posso entender, o quão verdadeira e profunda é a análise da autora. Por isso, resolvi compartilhar minha resenha. Ótima leitura para você!


      O QUE É COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA NAS ORGANIZAÇÕES

A sociedade contemporânea capitalista caracteriza-se pelo mundo globalizado e pelo papel predominante da tecnologia da comunicação e do conhecimento. Neste contexto, as relações sociais bem como as organizações exercem um papel distinto de antes, onde apenas o capital exercia um papel central, e assim, as relações entre organizações e trabalhadores eram muito mais verticais e assimétricas.
No contexto atual, surgem novos valores que norteiam o mundo das organizações e públicos. Graças à facilidade de informações e comunicação, as pessoas passam a cobrar mais e exercer a cidadania. A responsabilidade das instituições também aumenta. Destarte, estas precisam repensar sua atuação e interação com a sociedade em que se inserem.
 Hoje o trabalho não se caracteriza mais como uma atividade puramente mecânica, mas, uma ação que requer conhecimento. Este é mais importante para as nações do que o próprio capital financeiro. Nesta óptica, o trabalhador é desafiado a usar o seu conhecimento, participando ativamente da sociedade e contribuindo para com ela, bem como para com as organizações em que atua. Assim, é crucial para essas adotar novas políticas de interação com seus públicos. Neste cenário a comunicação organizacional se destaca e passa e ser inserida nas grandes decisões e estratégias.
O papel da comunicação organizacional vai desde a elaboração de políticas estratégicas de comunicação até o acompanhamento das mudanças e antecipação dos impactos destas para a empresa. Com uma sociedade mais democrática onde as pessoas se manifestam e se organizam livremente e assim também, cobram mais por seus direitos, a postura das organizações tende cada vez mais a se caracterizar para a abertura ao diálogo.
 Destarte, a comunicação institucional deve estar em sintonia com os grandes temas mundiais e atualizar-se constantemente em relação às novas tecnologias. Percebe-se que a comunicação já não é somente informativa, agora é preciso que ela esteja dialogando diretamente com o meio social e conciliando interesses.
A nova comunicação  se desafia a ser um elo de ligação entre pessoas e empresas, promovendo o feedback e sempre levando em consideração o contexto a que se dá o processo de interação entre esses. 
Assim surge o chamado espaço comum, onde a comunicação administra os interesses, as divergências. Desta forma, valoriza-se a intersubjetividade entre os sujeitos onde se dá a construção de sentidos e se faz possível o alcance de resultados a partir dessa troca. Nessa égide, a comunicação face a face  se destaca como uma ferramenta primordial para a edificação do entendimento e dos benefícios recíprocos entre organização e público, pois na sociedade contemporânea não há mais espaço para o autoritarismo e para a verticalidade nas relações organizacionais. 
Cada vez mais se exige transparência nas ações. Assim, a estratégia é fator imprescindível para uma organização se posicionar perante a sociedade demonstrando qual a sua razão de ser. E, esta estratégia compreende saber analisar integralmente o cenário e a partir desta leitura, agir construindo sua história, nunca esquecendo de olhar o passado o qual a organização têm sua raízes. 
Este é o papel que os profissionais da comunicação têm a incumbência de desempenhar em uma organização: inserir-se na cadeia das decisões, ser gestor da comunicação, aproximar público e organização em um  diálogo transparente, propor políticas, executar ações, acompanhar o cenário e as mudanças decorrentes da aplicação de um planejamento estratégico.
Para tal, os comunicadores, bem como as lideranças no geral precisam ter uma visão que aceita a pluralidade humana de ideias e saiba conviver com esta diversidade de opiniões e habilidades. Ademais, é necessário que se esteja aberto à mudanças e que se estimule a autonomia das pessoas. Assim, é imperioso que haja por parte dos profissionais de comunicação e líderes, coerência no que tange ao seu discurso e ação. 
Na sociedade moderna, não há organização que se afirme por muito tempo se sua prática não estiver em consonância com seu discurso. Por isso, é válido ressaltar que a comunicação interna deve estar integrada com a comunicação externa, de modo a alinhar as ações e visões da organização com o seu público, pois será muito pouco eficiente traçar ações internas que vão ao desencontro das externas ou vice versa. Isso acaba descaracterizando a identidade e imagem de qualquer organização.
Em suma, na sociedade da informação, as organizações tendem cada vez mais a interagir diretamente com seus públicos estabelecendo uma comunicação simétrica e atuando de forma mais responsável em decorrência do novo perfil de público-cidadão, agora munido de maior conhecimento e liberdade de organização.
 O profissional da comunicação exerce o papel estratégico de criar o espaço – comum onde a comunicação promova o entendimento e o diálogo, conciliando interesses entre as diversas visões que se “chocam” no mundo do trabalho.
                    

domingo, 12 de agosto de 2012

O Espelho do Tempo


Depois de muito tempo sem poder postar, volto a me dedicar um pouquinho ao meu blog. A graduação que agora acabou, me requerera bastante  tempo de dedicação, aliada ao meu trabalho.
Estou postando um pequeno conto que escrevi em um desses meus momentos de encontro com minha subjetividade mais profunda. Boa leitura!



O ESPELHO DO TEMPO

Depois da longa viagem, cheguei na casa onde passei minha infância e boa parte da juventude. Entrei lentamente, com os passos presos, como se me puxassem de volta. Parecia que algo me dizia para não entrar. Mas mesmo assim, prossegui. Adentrei na cozinha, ainda estava lá o velho fogão de lenha, de estampa floreada, e, no chão de madeira, os pontos pretos queimados de brasa que dele caiam e feriam o assoalho. Lembrei-me dos invernos gélidos em que eu ficava a me esquentar ao pé do fogão de lenha até o meio dia, pensando nos amores juvenis, nos sonhos futuros para a vida. Me emocionei com a nostalgia daquele momento pretérito e de repente avistei mamãe saindo do quarto, com a aparência surrada pelo vida sofrida do campo:
            - Minha filha, minha filha, quanto tempo, porque demorou tanto para voltar!?
Apenas abracei-a fortemente, sem nada a dizer. Fiquei a observar os profundos traços do tempo estampados na face de mamãe. Começava a dar-me conta de quanto o tempo havia passado sem que eu a visse.
            - Vem cá, filha, vem ver seu pai. Falou mamãe.
            Me dirigi até a sala. Lá estava papai quase sumido em sua magreza, bem como nos traços do tempo que se faziam ainda mais fortes no seu rosto que no de mamãe. Abracei-o, senti seus ossos e percebi a dificuldade com que se levantara para me cumprimentar. Não era mais o camponês forte o qual arava a terra de segunda a segunda naqueles tempos em que eu estava em casa. Um remorso tomava conta de mim, comecei a pensar porque não tinha arranjado um tempo e voltado antes.
            Voltei meu olhar em direção ao fogão, e, percebi que boa parte do seu floreado já estava desbotado pela ação do tempo, e, comparei-o a meus pais. Aliás, tudo naquela casa -  mesa, cadeiras, louças, paredes - estava deteriorado. Um vento frio começou a bater as janelas e mamãe falou:
            - Filha, encosta a janela.
            Forcei para fechar a velha janela de madeira e quando percebi, caiu uma das dobradiças que lhe asseguravam presa à parede. Um frio tomou meu corpo, como se aquilo fosse o prenúncio de alguma coisa ruim. Mamãe me olhou e falou:
            - Não se assusta filha, é que tu não ta mais acostumada a lidar com essas janelas  né? Não foi nada, vamos chamar o vizinho para dar uma olhada.
            Sentei na velha cadeira de palha, ainda com o coração batendo forte e falei para papai e mamãe:
            - Pois é, eu demorei, mas como o prometido, voltei para buscar vocês. Agora posso lhes dar uma vida digna, como vocês merecem.
            Mamãe me olhara com os olhos fundos e molhados de lágrimas, dizendo:
            - Filha, a gente já não tem mais muito tempo de vida, não adianta sair daqui, não nos adaptaremos mais à outro local. Depois, tu também deve ter tuas coisas para atender, tua família.
            Naquele instante meu coração disparou. Comecei a perceber ainda mais quanto o tempo havia passado sem que eu percebesse. Papai e mamãe realmente já estavam no fim de sua vida e eu nunca havia parado para pensar na minha, em construir  família..., essas coisas todas. Só sabia trabalhar para acumular dinheiro para buscar meus pais para um dia lá no futuro, construir uma família minha. No entanto, sem que eu percebesse, o futuro havia passado por mim.  Naquele momento mamãe me indagara:
            - Filha, com quantos anos tu esta mesmo?
            Comecei a chorar desesperadamente, era como se o mundo desabasse de uma só vez, com tantas revelações que aquele momento de volta pra casa dos meus pais proporcionara. Corri para meu antigo quarto, fechei a velha porta de madeira corroída pelo tempo, sentei no assoalho, e chorando, comecei a me indagar baixinho:
 - A minha família meu Deus, onde está!? E a minha idade? Quanto tempo só pensando em acumular alguma coisa na vida, e perdi os melhores anos de curtir meus pais, viver minha juventude, construir minha família! Agora, o tempo já havia corroído também aquela que seria uma fase preciosa da minha vida.
 Depois de alguns minutos, comecei a observar o meu antigo roupeiro que estava lá no quarto, também arruinado pelos cupins. Em cima dele estavam alguns dos meus brinquedos, desbotados pelo tempo. Uma curiosidade me fizera aproximar-me mais do roupeiro, lentamente fui puxando a velha porta de madeira e a abrindo em minha direção. Subitamente um frio tomou meu corpo, tive vontade de fechá-la, mas algo mais forte me induzia a abri-lá. Nesse instante percebi, ainda intacto o espelho colado no lado interno da porta, era a única coisa daquela casa, a qual o tempo não corroera. Tive medo de olhar-me nele, fechei ligeiramente a porta. Porém, alguma coisa muito forte me puxava a tocá-lo novamente. Não hesitei mais, abri a porta do roupeiro, olhei-me no espelho e percebi que as linhas de expressão do tempo tomavam meu rosto. Meus olhos já não eram os mesmos os quais um dia o miraram. Agora eram fundos, sem viço, assim como minha pele. Percebi o que antes nunca havia notado, o tempo também me corroera.
Desesperadamente, quis quebrar o espelho, dei um murro no vidro. A mão começou a sangrar.  Sai correndo do quarto. Papai e mamãe não estavam mais na casa. Nem quis procurá-los, somente gritei:
- To indo, mas eu volto logo buscar vocês, só vou tentar encontrar uma família para  recuperar o tempo perdido. Eu volto, eu volto, eu volto logooooo!
            - Fátima, Fátima, acorda! Falou a sobrinha que cuidava de mim lá no hospital. Escutei-a comentando com meu irmão: - Acho que ela não está se recuperando muito bem aqui. deve estar tendo aqueles sonhos com o os pais dela.
            - É coitadinhos, há quanto tempo já se foram dessa vida. E a Fátima passou tanto tempo fora, tentando acumular coisas, acabou não vendo mais os pais, ficando sozinha também, e ainda com problemas mentais quando percebeu o quanto o tempo passara, e ela havia o perdido. É, isso é triste!
            Olhei para o meu irmão e minha sobrinha e pedi:
            - Mais um calmante daqueles para dormir, por favor!