quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O Inconcebível Retrocesso Digital da Expointer 2014


A inclusão digital derrubou as barreiras de espaço e tempo entre os indivíduos e, ademais, tornou a comunicação pela internet algo inerente ao cotidiano pessoal.  O Brasil é um dos países com maior crescimento em acesso à rede.  Atualmente as pessoas acessam a internet para ler e fazer postagens tanto de casa, como do trabalho,  praia, parque, dos locais em que passeiam e visitam. Fazer um login, tirar um foto, ler um post, compartilhar ou comentar, é algo intrínseco à rotina dos brasileiros beneficiados com o acesso digital.
 Hoje, em qualquer empresa, de pequeno ou grande porte, pode faltar água para oferecer mas não, a senha do Wifi, tão vital que a internet se tornou em nossa cotidianidade.  Se, para a pessoa “comum” ela ocupa papel central, para os profissionais, em especial os de comunicação, é imprescindível. Aliás, as empresas, tanto de comunicação como de outros segmentos, investem cada vez mais no meio digital, tamanha a importância do online na atualidade.  Para os profissionais de comunicação a internet é a principal aliada na rotina de trabalho, pois, permite a divulgação momentânea dos fatos, maior alcance das notícias e de público, além de proporcionar interação com os leitores. Numa época jornalística em que a instantaneidade é a palavra de ordem sendo que, o próprio presente se torna obsoleto em uma questão de minutos, ou de posts, a falta de internet é algo inconcebível para profissionais e organizações, pois, além de impossibilitar o trabalho, significa também, perda de visibilidade para qualquer fato.
Esse foi o contexto vivenciado pelos profissionais de comunicação que tiveram a incumbência de fazer a cobertura da 37ª Expointer, ocorrida entre os dias 30 de agosto a 07 de setembro de 2014, em Esteio, RS. A falta de acesso à internet no local causou prejuízos aos profissionais, danos à imagem do evento, bem como, perdas tangenciais no que se refere à possibilidade de visibilidade estendida pelos próprios visitantes que, tão costumeiramente, chegam aos locais, fotografam, postam nas redes sociais, compartilham e curtem, o que gera engajamento e publicidade gratuita para qualquer acontecimento.
Em se tratando de um evento de majestoso porte e tradição como é a Expointer, o acesso à internet deveria ser algo tão natural como os serviços de banheiro, de credenciamento ou de comercialização, por exemplo.  Numa feira com 37 anos de história é tão sábido da normalidade da presença de centenas de profissionais de comunicação, tanto de veículos como de empresas expositoras, quanto o fato de que eles necessitarão divulgar sua cobertura e, nesse caso, no ano de 2014, divulgar é sinônimo de internet.
Quem conseguiu veicular conteúdo atualizado da feira, com raras exceções, teve que sair do parque de exposições, se dirigir ao local de trabalho ou à sua própria casa, para visibilizar os fatos.  Como profissional de comunicação, em um primeiro momento eu não acreditei na possibilidade de não ter internet no lugar, depois, pensei que seria reparado urgentemente, por fim, indignei-me e me “virei” como pude para transmitir informação, ou seja, trabalhei duplamente, de dia no Parque de Exposições Assis Brasil e, de noite em casa, sem “obedecer” a “regra” da instantaneidade das coisas, cabe destacar. Hoje, passado o fato, vejo que o maior prejuízo da falta de internet foi da própria Expointer que perdeu a chance de expandir o evento para além das fronteiras físicas, seja através da imprensa ou dos próprios visitantes.
 Para Taline Schneider, assessora de imprensa da presidência da Emater/RS, não ter internet na feira, prejudicou tanto os jornalistas quanto o público. “Foi um caos total. Os jornalistas “penaram” porque precisavam postar fotos e notícias com instantaneidade e não conseguiam. Os visitantes não conseguiam acessar nada. Nem sinal de telefone havia. De duas operadoras de telefone diferentes, Tim e Vivo, nenhuma estava funcionando, toda a comunicação estava impraticável”, ressalta ela.  Taline, também só conseguiu postar a cobertura, à noite, de casa. “Me senti no meio da lavoura do interior do interior do Rio Grande do Sul. Teriam que ter se preparado para oferecer mais velocidade para tanta gente, pois, não adianta disponibilizar o serviço, mostrar que tem sinal e não permitir conexão” desabafa a jornalista.
Prejudicou muito o trabalho, salienta a jornalista Aline Rodrigues da Cresol Central. “ Atrasou as publicações e atualizações em sites e redes sociais. Tendo em vista que hoje a instantaneidade se faz necessária, em pleno ano de 2014, para uma feira deste tamanho, não ter internet é algo inconcebível”, diz Aline.
A jornalista Anahi Fros, assessora parlamentar também relata os prejuízos profissionais com a falta de internet. “Estive na 37ª Expointer em duas ocasiões. Na primeira, já havia tido grandes dificuldades de fazer ligações, um problema bastante complicado, já que sou assessora de comunicação de um deputado estadual. Na segunda, fazia a cobertura da solenidade de abertura oficial do Pavilhão da Agricultura Familiar, com a presença do governador Tarso Genro e do então ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto. Precisava colocar as fotos imediatamente nas redes digitais do parlamentar com o qual atuo, mas foi impossível, pois a internet igualmente não funcionava no local. Resultado: as imagens e textos tiveram de ser inseridos nos canais de comunicação tarde da noite, horas depois do ocorrido. Algo difícil de explicar em tempos de conectividade e agilidade de informações”, aponta  Anahi.
Em suma, a falta de inclusão digital no parque, prejudicou os profissionais e empresas, impossibilitou a expansão da visibilidade da feira pelos visitantes e, acima de tudo, no contraponto do sucesso de vendas e visitas desta edição, deixou a marca negativa de retrocesso digital, fato, inconcebível para 2014 e, para o porte do evento. 

Texto: Fabiane Altíssimo
Depoimentos:
Jornalista Aline Rodrigues - Cresol Central
Jornalista Anahi Fros - Assessora Parlamentar
Jornalista Taline Schneider - Assessora da Presidência da Emater

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