Diante de tantos acontecimentos oriundos da ainda recente
comunicação e inclusão digital, não sei
o que me assusta mais: se a crise e “fraqueza” das fontes ou, se a “cegueira”
dos internautas. Mas hoje vou me deter em comentar sobre a segunda situação.
Com a era digital, na minha percepção, em muitos sentidos
voltamos à comunicação de massa e de multidão. Sim, aquela que nós
comunicadores tanto estudamos e debatemos nos bancos da faculdade pensando que
era coisa do passado pois afinal, no
século XXI estávamos na era da comunicação
dirigida, segmentada, personalizada, onde cada indivíduo é único, tem seus próprios costumes, hábitos,
pensamentos e não é facilmente influenciável.
Pois muitos aspectos da informação/comunicação que vemos na internet
são a antítese do nosso sonho de um consumidor/público consciente, distinto e
“pensador”. Para contextualizar isso, é
importante salientar que a “massa”, pode
ser ilustrada como um grande público homogêneo, onde as pessoas “recebem” as
mensagens e as aceitam sem questionar e interagir, cada uma, em sua própria
realidade. Já, a multidão, poderíamos dizer que é essa mesma massa “homogênea”
só que, reunida, onde um influencia o outro. Ou seja, se sou massa, me
influencio apenas pelo emissor da mensagem/noticia/informação (fonte), mas se
sou multidão, logo, sou influenciado pela atitude daquele(s) que está(ão) ao
meu lado e, nem questiono se ela é correta ou não, enfim, ajo pelo impulso do(s)
outro(s).
São inúmeros os casos nesse sentido, que se desdobram
diariamente no território digital. No entanto, o mais chocante e, elucidativo
da questão, foi o linchamento coletivo de Guarujá, fruto de um boato espalhado
em uma Fan Page chamada “Guarujá Alerta”. Vimos se configurar ali, exatamente a
noção de massa e multidão. De massa: quando o público recebe a mensagem, não
questiona, mas acredita e replica. De multidão: quando ele é influenciado pelos
outros e parte para a ação coletiva, sem consciência do que está fazendo e,
agindo de forma diferente daquela que agiria se estivesse só ( se não
estivessem em grupo, aquelas pessoas teriam linchado a mulher, suposta
sequestradora de criancinhas?).
O caso é um retrato de que a democratização digital chegou
antes do espirito crítico e da consciência reflexiva no Brasil. Que bom que o
acesso à internet e ao computador chega com força no país, no entanto, penso
que quão ótimo seria se, nessa mesma velocidade, viesse o desenvolvimento do
pensamento crítico. E aqui, nem menciono o fator “educação de excelência/
ensino superior” pois tenho visto muita gente com diploma de terceiro grau (que
não aprendeu a pensar), agir como “massa
e multidão” ao aceitar, replicar, compartilhar, curtir inverdades vindas de
fontes incertas.
E assim, segue a “boiada virtual” puxando as carroças pesadas
de ideologias e ás vezes, cometendo injustiças brutais como foi com Fabiane
Maria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário